Nemésio Joaquim da Rocha (1921-1998)
Nemésio Joaquim da Rocha nasceu
aos 19 dias do mês de dezembro de 1921, às 19h, em Arara, município de Pio IX,
no Piauí. Filho de Joaquim Leopoldino da Rocha (1893-1975) e Maria Francisca
das Dores (1896-1954). Sendo o quarto filho de 16 irmãos, começou muito cedo
sua luta pela sobrevivência em um período de muita escassez para o nordestino,
sobretudo, para aqueles que viviam na Região do semiárido piauiense.
Ainda muito jovem perdeu sua
genitora a quem tinha muito apego e admiração, pois representava a figura
feminina, que já naquele tempo, contribuía com o sustento da família,
trabalhando como costureira. O mês de agosto sempre foi marcado por imensa
tristeza para ele, por ser aniversário da morte de sua amada mãe.
Seguindo o exemplo de sua mãe de
manter a família unida, após seu falecimento, passou a cuidar dos demais irmãos
em parceria com sua irmã Ana Maria da Rocha, provendo o sustento e,
consequentemente, encaminhando-os na vida. Porém, como todo jovem Nordestino
daquela época, alguns dos irmãos migraram para outras Regiões em busca de
melhores condições de vida, fixando moradia em Brasília, que, naquele momento,
acenava com o progresso com o planejamento de sua construção oferecendo
oportunidade de trabalho. Após se estabelecerem, levaram os outros irmãos mais
novos, ficando no Piauí somente aqueles que já haviam constituído família.
Pais de Nemésio - Arquivo de família
A vida na cidade grande trouxe
renda, mas também tristeza em alguns momentos. A morte prematura em 14 de julho
de 1963 de seu cunhado Joaquim Emídio de Carvalho (1927-1963), esposo de sua
irmã Leopoldina Maria de Carvalho (1929-2015), que a deixou com sete herdeiros
pequenos e grávida do oitavo filho, foi bastante marcante em sua vida e de seus
familiares.
A família muito consternada na
busca de alternativas para ajudar a irmã, sugeriu separar seus filhos,
distribuindo-os individualmente para que cada irmão ficasse com uma criança,
sendo responsável por ela. Porém, como sempre buscou a união da família, ele
assumiu a responsabilidade de cuidar de sua irmã com todos os seus filhos
juntos, o que marcou profundamente os filhos de Leopoldina que o estimavam como
a um pai.
Em sua luta pela sobrevivência
trabalhou como ambulante, vendendo especiarias, como pimenta, alho; tecido e,
posteriormente, adquiriu um comércio fixo na cidade de Alegrete. Muito tempo
depois, estabeleceu-se como criador e vendedor de gado e de cavalos.
Como consequência da dedicação à
família, casou-se somente aos 50 anos com a jovem Graziela Adelina da Rocha
(08/12/1951-09/11/2005), filha de Elói de Barros Rocha e de Adelina Maria de Souza,
constituindo assim sua própria família. Tiveram duas filhas: Florisa Rocha e
Iracema Rocha.
Sua esposa, Graziela Adelina da
Rocha, deu continuidade à importância das figuras femininas que atuaram ao seu
lado ao longo da vida, na formação do cidadão Nemésio Joaquim da Rocha. Sua
mãe, Maria Francisca das Dores e sua irmã, Ana Maria da Rocha.
Sua companheira sempre o apoiou
em sua caminhada, contribuindo com a realização de seus anseios, na formação da
família e na educação das filhas. Foi parceira, paciente e bondosa. Muitas
vezes, abdicou de seus próprios sonhos em benefício da família.
Após seu falecimento, assumiu as
responsabilidades da Fazenda Pedras e deu continuidade ao trabalho realizado
por ele enquanto vivia. Continuou ajudando as filhas, incentivando seus
estudos, suas vidas profissionais e na realização de seus sonhos.
Foi um exemplo de esposa, mãe, mas,
sobretudo, mulher. Sua vida foi marcada pela coragem, pelo caráter e pela
disposição em servir ao próximo. Faleceu ainda na flor da idade, aos 53 anos,
em 09 de novembro de 2005.
Além de sua vida dedicada à
família, Nemésio foi um homem à frente do seu tempo no modo de pensar e agir.
Entendeu muito cedo que só o conhecimento e as boas ações são capazes de
transformar a sociedade. Por isso, ingressou na vida pública ao mesmo tempo em
que matinha suas atividades de agropecuarista.
Com recursos próprios, construiu
a primeira estrada que deu acesso a Alagoinha, onde morava, e que era município
de Pio IX. Foi candidato a Vice-Prefeito em 1958, no município de Fronteiras,
mas perdeu a eleição. Na sequência, foi candidato a vereador na cidade de Pio
IX, foi eleito e tornou-se líder da Câmara de vereadores, no ano de 1962, pela
UDN, em um tempo em que ser político tinha como objetivo servir a população,
sem receber remuneração por isso.
Em sua vida pública acompanhou
por muito tempo o grupo político liderado por José Ferreira de Alencar Mota
(Zuca Berto) e Fausto Arraes que dominavam à época a política de Pio IX. Quando
percebeu que os interesses políticos que estendiam benefícios ao povoado de
Alagoinha não eram prioritários para o grupo, tornou-se um adversário ferrenho,
enfrentando o grupo de poder dominante em defesa do povo.
Na sequência, passou a seguir o
grupo do prefeito Júlio Simões e os Alencar Bezerra, também de Pio IX, que por
muito tempo foram parceiros em atender as demandas do povo Alagoinhense.
A possibilidade de adquirir uma
antiga propriedade que outrora pertenceu à família, o levou a sair de Alagoinha
e instalar-se na localidade Pedras, desbravando a mata e fixando residência na
propriedade denominada Pedras, até os seus dias finais.
Afastou-se também da vida
política, retomando sua participação apenas no momento da emancipação política
do município de Alagoinha de Pio IX quando, juntamente com um grupo de
correligionários e amigos, encampou a batalha para emancipação do povoado de
Alagoinha de Pio IX e pelo nome de Alagoinha do Piauí para sua terra amada.
Na Fazenda Pedras viveu uma vida
singela e pacata com sua pequena e amada família e os grandes amigos
conquistados ao longo da vida a quem dedicou todo o seu tempo, além de cultivar
suas terras, a agropecuária e a educação de suas filhas, pois sempre acreditou
que o conhecimento é o maior tesouro que poderia deixar como herança, cuja
semente fora plantada ainda com seus irmãos, quando pagou uma professora para
iniciá-los na leitura e na escrita.
Em 08 de setembro de 1998, em sua
querida residência, um Acidente Vascular Cerebral (AVC), apagou sua mente
brilhante e sua vida terrena. Deixou a saudade nos corações dos seus parentes e
amigos e também o legado de uma vida de inteligência, de respeito, de amor, de
trabalho e de cidadania. Entrou para a história e para a memória não só de
Alagoinha do Piauí, nem somente de Pio IX, mas de todo o Piauí por andou.
Por Florisa Rocha
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