Justina Maria da Conceição



Os movimentos abolicionistas ganhavam força na segunda metade do século XIX. As pressões internas e externas, principalmente da Inglaterra, fizeram com que o Brasil aprovasse, em 04 de setembro de 1850, a “Lei Eusébio de Queiróz” proibindo a entrada de africanos escravizados no país. O tráfico ficava extinto no papel, mas na prática, continuava acontecendo com grande lucratividade. 

Em 28 de setembro de 1871, mais um passo importante, foi aprovada a “Lei do Ventre Livre”, segundo a qual seria livre qualquer filho de escrava nascido no Brasil. Já em 28 de setembro de 1885 foi promulgada a “Lei dos Sexagenários”, libertando os escravos maiores de 60 anos e estabelecendo normas para a libertação gradual de todos os escravos, mediante indenização. 


Apesar dos paulatinos avanços conquistados a partir de 1850, a escravidão só seria oficialmente extinta em 13 de maio de 1888, mas o simbólico papel, assinado pela Princesa Isabel, não foi o suficiente para sarar as feridas abertas pelos séculos de trabalho escravo e que ainda hoje estão visíveis na profunda desigualdade existente no Brasil. 

Foi neste período efervescente de fortes debates político-ideológicos entre conservadores e liberais, que na Província do Piauí, na Fazenda Piranhas, nasceu Justina Maria da Conceição, filha do fazendeiro Joaquim da Rocha Soares e Dona Francisca Maria da Conceição. 

Princesa Isabel - foto reprodução

O casal teve sete filhos, entre eles três mulheres. Provavelmente Justina seja uma das primeiras herdeiras femininas e teria nascido poucos anos após o irmão mais velho chamado de Teotônio Bispo da Rocha. 

Justina era muito jovem ainda quando perdeu sua principal companheira e confidente. Dona Francisca faleceu na década de 1860 e não demorou muito para que Joaquim buscasse uma nova companheira e Antônia Maria do Nascimento, filha de Francisco Brito Nogueira e Marcelina Maria da Conceição, chegou para tentar preencher o vácuo deixado pela querida “Sinhá”. 

Joaquim da Rocha Soares, pai de Justina, tinha uma irmã que residia na região do “Rodeador” chamada Maria Vitória da Conceição, que era casada com o fazendeiro Serafim Rodrigues de Carvalho. O casal tinha vários filhos, entre eles, Antônio Rodrigues de Carvalho, nascido em 15 de janeiro de 1844. 

A proximidade e o grau de parentesco fizeram com que as duas famílias aprovassem a união entre os primos legítimos Justina e Antônio. A cerimônia foi realizada no dia 23 de setembro de 1869, na Fazenda Piranhas, freguesia de Jaicós, província do Piauí, pelo Vigário Claro Mendes de Carvalho, da Paróquia de Nossa Senhora das Mercês, Bispado de São Luís, província do Maranhão. 

Após o matrimônio Justina passou a residir com o esposo na região onde atualmente está localizado o município de Santo Antônio de Lisboa (PI). 


Registro de casamento de Justina e Antônio


O casal teve sete filhos João Batista de Carvalho; Francalino Antônio de Carvalho, Francisco Antônio de Carvalho, Joaquim Antônio de Carvalho, Maria Justina da Conceição, Raimundo Antônio de Carvalho e Ângelo Antônio de Carvalho.

João Batista de Carvalho - Arquivo de Família

Justina Maria da Conceição faleceu no início do século XX e foi sepultada em um antigo cemitério que fica no município de Francisco Santos (PI). Antes de falecer em 1936, Antônio Rodrigues de Carvalho se casou mais duas vezes, com Marcolina Maria de Jesus e novamente ficando viúvo se uniu a Maria Ana dos Anjos. 

Os três casamentos de Antônio Rodrigues de Carvalho geraram 29 filhos dando origem a uma grandiosa descendência que se espalhou pelo Brasil.

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