Teotônio Bispo da Rocha



O século XIX, com suas inovações e marcantes mudanças nas relações sociais, estava chegando a sua metade. Na longínqua Fazenda “Piranhas”, isolada do mundo e das novidades, tudo acontecia a passos lentos. A vida simples se resumia a lida difícil no campo, com o manejo da terra e o cuidar do rebanho. Mas por outro lado, as famílias eram próximas e mantinham um relacionamento cordial e respeitoso. 

Por volta de 1847, o casal Joaquim da Rocha Soares e Francisca Maria da Conceição teve o primeiro varão que foi batizado com o nome de Teotônio Bispo da Rocha. A origem do segundo nome não está clara, mas Joaquim tinha um irmão chamado Marcos Bispo de Carvalho, não se tem provas, mas poderia ser uma homenagem ao tio da criança.

Telégrafo, invenção do século XIX

Os avós paternos de Teotônio eram Cristóvão José de Carvalho e Paulina da Rocha Carvalho, que residiam na região de Bocaina (PI), e maternos eram os colonos Ricardo Rodrigues de Carvalho e Maria Antônia da Conceição, que se instalaram na Fazenda Piranhas em 1836. 

A criança foi criada na singela vida sertaneja e polida dentro dos princípios católicos. A alfabetização era feita através de aulas particulares ministradas em casa. “Ler, escreve e contar” estava acima do exigido pela sociedade da época, que segundo algumas fontes, era formada por mais de 80% de pessoas analfabetas. 

Existem registros históricos que comprovam que alguns dos filhos de Joaquim da Rocha Soares eram alfabetizados e detentores de escritas invejáveis, mas no caso de Teotônio não foram encontrados documentos que descartem ou confirmem o seu letramento. 

A base econômica da família estava na criação de gado e no cultivo de alimentos ao longo do Rio Marçal. A pecuária era considerada uma riqueza que provia o necessário para o consumo e para exportar, promovendo dividendos e gerando prosperidade. 

Nas pesquisas até o momento não foram possíveis encontrar subsídios que explicassem o motivo para a demora em Teotônio desposar alguma donzela da época. Teria ele se dedicado a ajudar o pai em seus negócios? Casou-se com alguma jovem que morrera precocemente perdendo seus registros? Ou seria falta de moças disponíveis na pouco habitada “Piranhas”? Ainda não foi possível responder a estes questionamentos. 

O certo é que Teotônio, mais conhecido como “Bispo”, casou com aproximadamente 30 anos, pouco comum naquele tempo, já que a média de idade dos casamentos era de 20 anos para homens e de 16 para mulheres. 

A prendada jovem Maria Sinharinha de Jesus, conhecedora da arte da costura, profissão requisitada quando as importações de confecções eram quase inexistentes, foi à eleita para completar Teotônio e constituir sua própria família. 

Natural da região de Porcos, Sinharinha era prima legitima do noivo, tanto pelo pai quando pela mãe. O pai Valentim Rodrigues de Carvalho era irmão de Francisca Maria da Conceição e a mãe Mariana Francisca de Jesus era irmã de Joaquim da Rocha Soares. 

Após o casamento, ocorrido no dia 22 de novembro de 1872, o casal se instalou no lugarejo denominado de “Queimadas” vizinho as Piranhas. No local, Teotônio construiu sua casa e ergueu sua própria fazenda, seguindo o modelo econômico adotado pela família desde que o seu bisavô, o português Domingos da Rocha, se abrigou em Bocaina ainda no século XVIII. 

O primeiro filho do casal nasceu em 1877 e recebeu o nome de Francisco Bispo da Rocha; o segundo veio em 1886 batizado como João Bispo da Rocha e o terceiro e ultimo nasceu mulher, em 1889, registrada como Cândida Sinharinha da Rocha. 

Francisco Bispo da Rocha se casou com a prima Maria Eulália de Jesus, filha do casal Ricardino da Rocha Soares (irmão de Teotônio) e Joana Maria de Jesus. Ao ficar viúvo, ele se uniu através do matrimônio com a jovem e também prima Maria Joana de Sousa (1893-1935), filha de Antônio João de Sousa Brito e Joana Maria de Jesus (irmã de Teotônio).

Francisco Bispo - Arquivo de família

João Bispo da Rocha contraiu núpcias com a prima Maria Josefa de Souza Rocha, filha de Nicolau Ricardino da Rocha (irmão de Teotônio) e Josefa Maria de Souza Rocha. 

Cândida Sinharinha da Rocha se uniu matrimonialmente com o primo Antônio Cezaltino da Rocha, filho de Nicolau Ricardino da Rocha (irmão de Teotônio) e Josefa Maria de Souza Rocha. Ficando viúva, ela se casou com o primo em segundo grau Cícero Manoel de Carvalho, filho de Manoel Francisco de Carvalho (mais conhecido como Nezeiro) e Francisca Rosa da Conceição. 

Bispo e Sinharinha construíram um legado inegável na formação das características peculiares da Família Rocha. Por mais distante que esteja à descendência certamente carrega consigo os traços marcantes do casal. 

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